O fato do público não assimilar bem a gravidade da epidemia de resistência antimicrobiana (RAM) para a saúde global pode estar relacionado a um problema de terminologia científica, ou seja, termos como resistência bacteriana ou AMR (do inglês Antimicrobial Resistance) usados para descrever o problema são muito complexos e difíceis à maioria.
Isso é o que mostrou um estudo realizado na Universidade de Leicester, no Reino Unido, que analisou a comunicação em saúde pública. Conduzida pela Dra. Eva Krockow, a pesquisa adicionou uma série de termos de riscos à saúde, como câncer e doença cardíaca, entre as palavras que são mais utilizadas para descrever a resistência antimicrobiana, que foram: “resistência antimicrobiana” e cinco variantes comumente usadas, incluindo “AMR” (sigla em inglês para Antimicrobial Resistance), “resistência a antibióticos”, “resistência bacteriana”, “infecções resistentes a medicamentos” e “superbactérias”.

Termos devem ser familiares a todos
O estudo avaliou a memorização de palavras e a associação de risco que cada uma representava. O resultado mostrou uma escala que variava de muito seguro a prejudicial ou muito arriscado, considerando também a pronunciabilidade, a familiaridade e outros atributos linguísticos.
Os termos “AMR” e “resistência antimicrobiana” ficaram entre os termos com pontuação mais baixa, tanto para associação de risco como para memorização. Isso mostrou que podem não ser adequados para a comunicação em saúde pública.
A Dra. Krockow é professora e líder do Grupo de Pesquisa em Saúde e Bem-Estar na Escola de Psicologia e Ciências da Visão. De acordo com ela, essas informações servem para mostrar que o rumo da comunicação nas campanhas de saúde deve ser outro. Os termos precisam ser absorvidos pelo público em geral e não serem familiares apenas às comunidades médica e científica.
Associando o nome à gravidade
Uma ameaça à saúde, que pode ceifar até 10 milhões de vidas por ano até 2050. A RAM não deve ser subestimada e precisa ser muito bem compreendida por todos.
A pesquisadora comentou que perceber o risco é importante para que o termo seja útil, pois as pessoas conseguem associar a gravidade do problema ao seu próprio risco, como algo que deixa a saúde delas vulnerável: “A terminologia que provavelmente será mais eficaz é aquela que alarma a população em geral sobre uma ameaça iminente”, ressaltou.
O estudo foi publicado na revista Communications Medicine e pode ser lido na íntegra aqui (em inglês).
E você, também concorda que resistência bacteriana e AMR são termos difíceis e que estão longe de entrar no seu vocabulário?