Dia 05 de maio é o dia nacional sobre o uso racional de medicamentos.
Discutir sobre o tema, com um olhar especial e atento para o uso consciente dos antibióticos é um dos meios para lutar contra uma grave e silenciosa ameaça global.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que pelo menos 700 mil pessoas morram anualmente em todo o mundo devido às infecções resistentes aos antimicrobianos. Um estudo global mostrou que, em 2019, 1,27 milhão de mortes resultaram diretamente de infecções bacterianas resistentes aos antibióticos.1,2
Mas o que isso significa e como nos afeta?
A resistência antimicrobiana acontece quando microrganismos como bactérias, vírus ou fungos sofrem mutações quando entram em contato com os medicamentos antimicrobianos, que são os antibióticos, antivirais ou antifúngicos, por exemplo. Quando esses microrganismos se alteram, eles se tornam ultrarresistentes.
Aqui no site Antibiótico em Foco vamos abordar exclusivamente a resistência às bactérias e o uso consciente dos antibióticos, que são medicamentos muito utilizados e conhecidos.
Antibióticos tratam bactérias
Então, primeiramente, quando falamos sobre tratar infecções, é preciso entender que os antibióticos só devem ser utilizados para o tratamento de infecções por bactérias. Esse tipo de medicamento não tem efeito sobre as infecções causadas por vírus, fungos e parasitas.
O médico Patologista Clínico, André Mario Doi, que também atua no setor de microbiologia do Hospital Israelita Albert Einstein, detalha o que acontece com as bactérias ao entrarem em contato com antibióticos: “Toda vez que começamos a usar esse medicamento para algum tipo de infecção, já temos bactérias que estão criando alguma resistência, crescendo e se adaptando”.

“Quando isso acontece, elas também adquirem a capacidade de não responderem mais ao antibiótico que deveria combatê-las, ou seja, elas se tornam resistentes ao medicamento”, continua o médico.
Em certos casos, as bactérias podem se tornar resistentes a diversos antibióticos e esse é o grande problema dessa epidemia silenciosa, pois, dessa forma, o sucesso de procedimentos cirúrgicos ou tratamentos quimioterápicos, por exemplo, podem ficar comprometidos.3
Vale lembrar também que o nosso organismo tem bilhões de outras bactérias, seja na pele, no intestino ou no trato respiratório, que são consideradas essenciais para o sistema vital. Quando tratamos alguma infecção com o medicamento, também estamos afetando essas bactérias “boas”.
O uso racional é uma questão coletiva
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De acordo com o Dr. Doi, hoje, a resistência bacteriana no mundo está maior do que a capacidade dos antibióticos para tratar essas bactérias, isso significa que a crescente resistência está deixando o sistema de saúde sem opções de antibióticos para tratar as infecções.
“O combate à resistência é um esforço multiprofissional, que envolve todos os envolvidos no diagnóstico. Por outro lado, o paciente é responsável por utilizar o medicamento quando necessário e sempre da forma prescrita”, reforça o especialista.
O dia nacional sobre o uso racional de medicamentos chega para lembrar sobre a importância do uso consciente e sobre evitar a automedicação. Nossas ações individuais impactam diretamente no coletivo.
Por isso, é preciso saber e praticar:
- Não tentar comprar antibiótico sem receita.
- Antibióticos não curam viroses.
- Não guardar e nem utilizar os antibióticos que sobraram.
- O descarte de medicamentos deve sempre ser feito em locais apropriados.
- Confiar na avaliação médica, sem pressionar o médico para prescrever o antibiótico.
- Tirar todas as dúvidas sobre a prescrição (ou não) do medicamento com o profissional responsável.
Se as tendências atuais continuarem, é possível que até 2050, 10 milhões de pessoas morram anualmente devido a infecções resistentes a medicamentos até 2050. É preciso discutir urgentemente sobre o uso consciente de antibióticos!1,2