Você já ouviu que antibióticos fazem mal aos dentes de crianças e adolescentes? Que amarelam ou causam cáries? No dia da saúde bucal, lembrado em 25 de outubro, a Odontopediatra, Dra. Mariana Minatel Braga Fraga, esclarece muitos desses mitos e apresenta outros fatos sobre a relação entre os antibióticos e a saúde bucal das crianças e adolescentes.
A conhecida cárie é um problema multifatorial e a doença que mais acomete as crianças.“A sua causa vai além de não haver uma escovação adequada. Geralmente está associada a uma dieta cariogênica, rica em sacarose e implica na progressão da doença em alta velocidade”, explica a Dra. Mariana Fraga. De acordo com ela, não é raro evoluir para uma infecção que acaba resultando em um tratamento de canal.
Antibiótico e sacarose
“Há casos de crianças que nem têm todos os dentes na boca, e os que têm já estão em uma condição que é ou canal ou extração”, observa a dentista.
A odontopediatra comenta que o antibiótico em solução (forma líquida) é um medicamento que possui significativa concentração de sacarose, tanto para melhorar o sabor, como para conservar e, ao ingeri-lo, é como se a criança estivesse comendo um doce. “Muitas vezes o antibiótico é ministrado à noite e a pessoa responsável pela criança não recebeu a orientação da escovação, cabe ao dentista como um médico orientar que o antibiótico contém açúcar e que isso pode resultar em cárie”.
Tetraciclina: uma exceção
A tetraciclina é um antibiótico que atualmente tem pouca prescrição por seus efeitos colaterais. A Dra. Mariana explica que entre eles está o impacto na formação dos dentes, mas isso ocorre se for administrado durante essa fase, quando os primeiros dentes da criança estão despontando.
Atualmente, a dentista esclarece que a tetraciclina não costuma ser mais prescrita.
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O antibiótico na prática da Odontopediatria
Em tratamentos dentários odontopediátricos, a necessidade de antibióticos geralmente ocorre na forma de pastas, para tratar infecções locais, como canais.
O uso do antibiótico sistêmico, ou seja, para ser administrado em casa, acontece em casos muito específicos, quando há inchaço, febre ou algum outro comprometimento. Isso indica que há uma infecção em curso e a intervenção local pode não ser suficiente.
A Dra. Mariana Fraga também cita os casos em que há infecção bacteriana secundária. Um exemplo é quando a criança tem vesículas e feridas na região da boca, indicando uma gengivoestomatite herpética, que é o primeiro contato com o vírus Herpes.

“Essas lesões podem sofrer contaminação bacteriana e então o antibiótico de uso tópico é indicado”, comenta.
A prevenção é sempre a melhor saída
Pela sua experiência clínica, a Dra. Mariana percebe que há um aumento da procura por atendimentos preventivos. Por outro lado, o uso de dentifrício com flúor, e também a fluoretação da água que chega às casas tem apoiado a saúde bucal da população odontopediátrica.
Geralmente as cáries surgem pela associação da falta de higienização e da dieta cariogênica. É um pacote, que se for evitado, também vai evitar o uso do antibiótico para o tratamento das infecções decorrentes.
Ouça o trecho da entrevista em que a Dra. Mariana Fraga comenta sobre as implicações do uso da tetraciclina na saúde dos dentes.