A necessidade de tratar infecções bacterianas com antibióticos implica em um desequilíbrio na flora intestinal. Não é incomum que os pacientes tenham efeitos colaterais, como diarreias, por exemplo. Para amenizar esses sintomas, a ajuda de um nutrólogo pode fazer a diferença.
O que é Nutrologia e qual a diferença entre nutrólogo e nutricionista?
Primeiramente, é importante definir a Nutrologia no conceito da saúde e o papel do nutrólogo, profissional que atua na área. A Dra. Andrea Pereira, Médica Nutróloga, comenta que é comum haver uma certa confusão entre nutricionistas e nutrólogos, já que são duas áreas em que o foco é a parte nutricional. A principal diferença é que o nutrólogo é um médico por formação, que se especializou em Nutrologia. Já o nutricionista, é o profissional formado em Nutrição.
“O nutrólogo tem um campo bem amplo de trabalho, pode prescrever para deficiências nutricionais, atuar no trato de doenças gastrointestinais, câncer, obesidade, melhora de desempenho nos esportes, geriatria, pediatria e, na área hospitalar, prescrevemos as dietas por sonda (enteral) e por veias (parenterais)”, cita a Dra. Andrea.
O profissional de nutrologia está apto a indicar suplementos, oferecer diversos tratamentos relacionados à alimentação e o respaldo médico permite que receite medicações em casos necessários.
Nutrologia e prevenção
Dentre as suas especialidades médicas, o nutrólogo pode atuar junto à prevenção. No caso de pessoas que estão fazendo uso de antibióticos, a Dra. Andrea Pereira, que também atua como Médica Nutróloga da Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein, recomenda que é fundamental manter uma dieta equilibrada. Uma alimentação com muitas verduras e legumes, ou seja, com alimentos que sejam ricos em fibras, é a ideal.
“Tudo que tem fibra ajuda a ter uma resposta melhor da microbiota, ou seja, verduras e legumes, que precisam corresponder à metade do prato”, ensina a nutróloga.As proteínas animais e vegetais associadas, e os carboidratos devem ocupar a outra metade, sempre em proporções equilibradas.
Outro ponto destacado pela médica é que uma alimentação equilibrada também auxilia na diversidade de bactérias na microbiota, o que ajuda a melhorar a resposta imune aos tratamentos.
A microbiota e a sua função
A médica explica que o homem tem em média 100 trilhões de microrganismos no corpo, que englobam bactérias, protozoários, fungos e vírus. Esse grupo de microrganismos que estão presentes no trato gastrointestinal forma a microbiota intestinal, também conhecida como flora intestinal.
O grupo possui aqueles microrganismos considerados bons e ruins. “Uma boa alimentação, garante uma flora intestinal mais saudável, ou seja, mais bactérias boas”, explica a especialista.
A Dra. Andrea ressalta que quando ingerimos um alimento que contém uma bactéria,a microbiota fortalecida evita que esse microrganismo chegue na corrente sanguínea.
Do contrário, uma microbiota não tão boa, pode não conter essa bactéria, comprometendo a nossa imunidade. “Hoje, vemos que há uma série de doenças relacionadas à microbiota. Mas é importante colocar que a microbiota saudável é um auxílio, não significa que vai curar uma doença”, ressalta.
Antibióticos x microbiota equilibrada
A ingestão de antibióticos causa um desequilíbrio nas bactérias da microbiota, já que elimina tanto as ruins, que estão causando a infecção, mas algumas boas também. De acordo com a médica, os medicamentos podem causar uma alteração, que pode se manifestar com diferentes sintomas, como uma diarreia, por exemplo.
Para manter a microbiota o mais saudável possível, há uma recomendação que vale para todos, segundo a Dra. Andrea: “Precisamos incentivar o básico: alimentação equilibrada, prática de atividade física e hábitos saudáveis”. Ela esclarece que uma pessoa que faz atividade física, por exemplo, conseguirá restituir essa microbiota mais rapidamente.
Em alguns casos, a médica comenta que vale a prescrição de probióticos, que são um complemento que contêm bactérias boas para o organismo. Mas ela enfatiza: “Comer de forma saudável não tem o mesmo efeito que ingerir um prebiótico ou probiótico. O resultado não é igual à alimentação aliada à atividade física regular”.