O antibiograma é um exame muito útil para identificar se há antibióticos que possam ser resistentes a determinadas bactérias. A médica patologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade, Dra. Natalya Maluf, comenta a respeito das aplicações do exame e sua importância no combate à RAM.
Vamos imaginar uma situação que pode ser considerada corriqueira: em um dia comum, você acorda com uma indisposição, dores pelo corpo, sente aquela dor de garganta incômoda e todos aqueles sintomas que acompanham um quadro gripal. Alguns dias se passam e você só piora. Decide então ir ao serviço de saúde para buscar uma solução que o faça melhorar.
Pode ser que você saia do atendimento com uma prescrição de antibiótico. Quem já viveu essa situação ou acompanhou um parente ou um conhecido ao pronto socorro, vai entender. Infelizmente, uma indicação de medicamento como essa só vai ter algum efeito em casos de infecções bacterianas. Nos casos em que o agente causador do quadro é um vírus, o antibiótico não vai surtir efeito algum.
“O que acontece muito na prática clínica, é o paciente chegar com uma dor de garganta e o médico já prescreve um antibiótico. Por outro lado, quando o paciente não prescreve o antibiótico, o paciente tem a sensação que não vai ser curado. O que não é verdade, já que nem todos os quadros infecciosos são bacterianos”, comenta a Dra. Natalya Zaidan Maluf, médica patologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no Hospital São Paulo da UNIFESP.
E como saber se a infecção é viral ou bacteriana?
A população, o ensino médico e os médicos atuantes precisam ter consciência da importância de uma prescrição de antibiótico e do impacto disso para a comunidade”.

Hoje, existem alguns testes rápidos de diagnóstico, mas que ainda não estão disponíveis para a maioria da população. Uma das soluções seria a realização de um hemograma ou coleta de urina, mas os resultados costumam demorar algumas horas ou dias, tornando a espera inviável em um atendimento na emergência.
“Se há algo imediato, como uma infecção urinária, o médico prescreve o antibiótico, mas sugiro que um antibiograma seja feito”, recomenda a Dra. Natalya Maluf.
A médica comenta que o ideal seria os médicos solicitarem a cultura do antibiograma antes até de entrar com o antibiótico, mas por uma questão de prazo, que o exame possa apoiar uma avaliação mais criteriosa depois, informando se o paciente tem resistência ou mais sensibilidade a determinados antibióticos.
O valor do antibiograma
“Às vezes, é prescrito um antibiótico muito forte, com uma abrangência maior para um problema que poderia ser tratado com um antibiótico mais básico, de primeira ou segunda geração, por exemplo. O antibiograma também pode indicar a suspensão do antibiótico se for identificado que a infecção não é bacteriana”, explica a médica.
O antibiograma, conhecido por Teste de Sensibilidade a Antimicrobianos (TSA), é um exame realizado a partir da coleta de uma amostra contaminada (de sangue, saliva, urina etc.) que determina o perfil de sensibilidade e resistência da bactéria, ou seja, mostra quais os antibióticos que têm melhor efeito sobre aquele microrganismo que está causando a infecção.
A Dra. Natalya explica que o antibiograma é realizado in vitro a partir dos antibióticos que são utilizados para o tratamento da bactéria em questão: “O teste mostra qual antibiótico inibe ou não o desenvolvimento da bactéria. O que inibiu é sensível e pode ser prescrito que vai matar essa bactéria”. E acrescenta: “O antibiótico que permitiu o crescimento da bactéria, não pode ser prescrito, pois além de não fazer mais efeito sobre a infecção, vai gerar mais resistência”.